Vancouver Courier - Líder supremo iraniano ordena 'investigação exaustiva' de explosão que deixou 40 mortos

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Líder supremo iraniano ordena 'investigação exaustiva' de explosão que deixou 40 mortos
Líder supremo iraniano ordena 'investigação exaustiva' de explosão que deixou 40 mortos / foto: © Irna/AFP

Líder supremo iraniano ordena 'investigação exaustiva' de explosão que deixou 40 mortos

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, determinou neste domingo (27) uma "investigação exaustiva" das causas da explosão ocorrida no sábado no maior porto comercial do país asiático, que deixou ao menos 40 mortos e mais de mil feridos.

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"Os responsáveis de Segurança e Justiça devem realizar uma investigação exaustiva, para descobrir qualquer negligência ou intenção" de causar essa explosão, assinalou Khamenei em comunicado.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, que também havia determinado a abertura de uma investigação, visitou neste domingo à tarde o porto, que ainda estava em chamas.

A detonação ocorreu no porto de Shahid Rajaee, que fica próximo do Estreito de Ormuz, no sul do Irã, e por onde transita 85% das mercadorias do país e um quinto da produção mundial de petróleo.

"Por ora, 40 pessoas perderam a vida devido a ferimentos causados pela explosão", informou na televisão Mohammad Ashouri, responsável da província de Hormozgan, no sul do Irã, onde fica o porto de Shahid Rajaee.

"Vamos tentar nos ocupar das famílias que perderam seus entes queridos, e vamos atender as pessoas que ficaram feridas", afirmou o presidente Pezeshkian, segundo imagens retransmitidas pela televisão iraniana.

Em uma foto divulgada por seu gabinete, o mandatário aparece ao lado de um homem ferido na explosão.

- Materiais químicos -

A explosão foi provavelmente causada por um incêndio em um depósito de materiais químicos, segundo o Escritório de Alfândega, e foi tão potente que foi sentida e ouvida a mais de 50 km de distância, indicou a agência de notícias Fars.

O ministro de Estradas e Desenvolvimento Urbano, Farzaneh Sadegh, também esteve no local e declarou que apenas uma área do porto foi afetada. "As operações de carga continuam ocorrendo com normalidade nas outras áreas", assegurou.

O porto Shahid Rajaee, próximo da cidade costeira de Bandar Abbas, conta com muitos armazéns espalhados por 2.400 hectares, o equivalente a cerca de 3.400 campos de futebol.

O porta-voz do Ministério da Defesa iraniano, Reza Talaei-Nik, afirmou à televisão estatal que "não havia e não há atualmente nenhum carregamento [...] para combustível militar ou de uso militar" na área do acidente.

O jornal americano The New York Times informou que uma pessoa vinculada à Guarda Revolucionária iraniana (IRGC, na sigla em inglês) disse, em condição de anonimato, que a explosão foi causada por perclorato de sódio, um composto utilizado em combustível sólido para mísseis.

Na tarde deste domingo, a televisão estatal difundiu imagens do incêndio, que continuava ativo no porto, onde apenas os meios de comunicação iranianos foram autorizados a fazer imagens.

- Três dias de luto -

Aviões e helicópteros tentavam neste domingo extinguir as chamas, segundo imagens da televisão estatal. No terreno, também trabalhavam os bombeiros.

A Rússia, aliado estreito do Irã, determinou o envio de "vários aviões com especialistas" do Ministério de Situações de Emergência para ajudar a combater o incêndio, informou a embaixada russa em Teerã.

As autoridades fecharam as estradas que levam ao local da explosão e os meios de comunicação iranianos são os únicos habilitados a fazer imagens da região.

Todos os estabelecimentos educativos de Bandar Abbas permaneceram fechados neste domingo, anunciou a televisão nacional.

O Ministério da Saúde também instou os moradores a evitarem sair "até novo aviso" e a utilizarem máscaras protetoras.

As autoridades decretaram um dia de luto nacional nesta segunda, e três dias a partir deste domingo na província de Hormozgan, da qual Bandar Abbas é a capital. A cidade, com cerca de 650 mil habitantes, abriga a principal base naval iraniana.

Não foram divulgados números sobre a quantidade de trabalhadores que estavam no porto no momento da explosão, que aconteceu por volta do meio-dia local (5h30 em Brasília), em um dia útil.

A ONU e países como Arábia Saudita, Paquistão, Índia, Turquia e Rússia, ofereceram suas condolências após a tragédia. O grupo libanês Hezbollah, aliado do Irã, também expressou sua solidariedade pelo "trágico acidente".

A embaixada da Alemanha em Teerã publicou no Instagram: "Bandar Abbas, estamos de luto com vocês."

A explosão aconteceu justo quando ocorria em Omã conversas sobre o programa nuclear de Teerã entre Irã e Estados Unidos, inimigos há quatro décadas.

Israel, que suspeita que o Irã quer adquirir armas nucleares, trava há anos uma guerra nas sombras contra Teerã, seu arqui-inimigo, para contrapor sua influência regional.

Segundo o jornal americano Washington Post, Israel lançou em 2020 um ciberataque contra o porto de Shahid Rajaee.

J.Dhaliwal--VC